quarta-feira, 7 de novembro de 2012

PELOTAS 200 ANOS: Aos olhos de uma cadeirante.

Os cadeirantes por natureza são vistos com certo olhar de pena pela sociedade em geral. Posso dizer por experiência própria, pode parecer arrogância ou algo do tipo, mas essa "pena" quando notada por "nós" não traz beneficio algum, muito pelo contrario, fomenta ao cadeirante um sentimento de inferioridade e mesmo com certas limitações o maior desejo d
e um cadeirante é ser reconhecido como IGUAL.

Hoje depois de dois anos andando sobre "rodas" pude vivenciar diferentes sentimentos e curiosidades que um cadeirante enfrenta, desde as dificuldades de andar num ônibus até a alegria de curtir uma festa. No inicio eu confesso que evitava sair na rua, sentia uma vergonha de estar na cadeira de rodas, hoje me envergonho de um dia ter tido esse pensamento preconceituoso comigo mesma, mas graças a Deus isso essa sensação não durou duas semanas.
Assim que consegui sair de casa comecei a investigar e descobrir até onde eu poderia ir. Comecei pelo centro de Pelotas, infelizmente encontrei e encontro até hoje muitas dificuldades, ruas com desníveis, calçadas e muitos estabelecimentos sem rampas de acesso. Como estudante de Turismo, fiquei feliz quando fui a Praça Coronel Pedro Osório e lá sim encontrei todas as rampas necessárias, e logo mais, indo ao Theatro Guarany notei que também existia acessibilidade, o que me deixa triste é quando penso que os lugares que oferecem essa acessibilidade são os lugares que são "vendidos" aos turistas, e pra mim antes de agradar aos que vêm de fora as autoridades devem começar a pensar nos seus, existem tantos outros lugares dentro da nossa cidade que estão pobres dessa acessibilidade.
Não estou aqui só para falar mal da nossa cidade, até por que amo morar aqui e acredito em Pelotas, mas quando penso nos inúmeros cadeirantes que devem ficar dentro de casa por falta de uma infra-estrutura necessária, ai isso me revolta e me entristece.
Quando comecei a escrever esse texto meu intuito seria reclamar do transporte público de Pelotas, mas durante essa semana precisei ir diversas vezes ao centro e me deparei com uma frota muito grande de ônibus novos, realmente fiquei muito feliz com essa novidade e espero que as empresas que ainda não aderiram essa facilidade, acordem e comecem a ver o quanto isso ira beneficiar não só os que necessitam dessa acessibilidade, mas também irá beneficiar os motoristas e cobradores que além de fornecerem um serviço mais prático também irão oferecer uma volta mais rápida. Parabéns Pelotas por essa evolução!
No verão estava passeando de carro pela Praia do Laranjal e me deparei com as obras pelo calçadão da orla, logo fui conferir se agora com um calçadão "novo" eles iriam se preocupar em oferecer a acessibilidade necessária. Infelizmente em meio ás obras não encontrei nenhum indicio de que iriam ter rampas e outros benefícios por ali, mas como sou leiga em relação a construções resolvi investigar. Ao chegar em casa, fui direto ao google pesquisar se existia algo sobre o projeto de recuperação do calçadão da praia do Laranjal. E valeu a pena, primeiro encontrei outras pessoas com a mesma preocupação que eu. Estavam reivindicando via internet sobre se seria ou não apresentado um calçadão acessível, e logo encontrei as respostas necessárias, as rampas estavam no projeto e no final da construção elas seriam incluídas. Estou confiando que essas informações sejam verdadeiras. Mais um ponto positivo!
Pelotas 200 anos, uma cidade histórica que tem muito a apresentar, assim como tem muito para evoluir. Mesmo decepcionada com alguns fatos, sigo acreditando em mudanças que poderão beneficiar a TODOS e cada vez mais tornar a população como iguais. Espero que as autoridades olhem para os cadeirantes e ofereçam o simples direito de ir e vir, que se mostra precário na nossa cidade! Mesmo sendo cadeirante por pouco tempo, espero poder ajudar e ver as mudanças que irão trazer alegria para aqueles que passam uma vida inteira em uma cadeira de rodas.
Como disse, continuo acreditando em Pelotas e mesmo com as dificuldades seguimos evoluindo, e hoje devemos comemorar por esses 200 anos de muitas histórias e mudanças.
Parabéns pelo bicentenário, Princesa do Sul!

Um comentário: